domingo, 1 de fevereiro de 2004

Mimosas

Esta é uma das minhas épocas do ano preferidas. As mimosas estão em flor.
Adoro mimosas. No auge do Inverno, frio, chuva, desânimo, estas magníficas árvores resolvem desabrochar por todo o lado, colorindo a paisagem de amarelo brilhante.
Há pequenas árvores, ainda jovens, que timidamente dão apenas algumas flores, sobressaindo do verde pálido das folhas. E há as grandes mimosas, que generosamente nos brindam com uma abundância de cachos de flores, tantos que os seus ramos se curvam, carregados de amarelo.
E não é um amarelo pálido, ou mais torrado. É brilhante, vivo, cheio. Por vezes tão intenso que nem se vê o verde da folhagem, apenas uma enorme massa amarela, que desce as encostas, alegra os vales, curva-se para os rios e ladeia as estradas.
Todos as anos espero impaciente pelas flores de mimosa. Quando vou de fim-de-semana, do autocarro olho para os campos e sinto um enorme prazer ao encher os olhos daquele amarelo intenso, puro. Tenho vontade de sair, estender as mãos e tocar aquelas pequenas flores redondas, brilhantes, frágeis e perfumadas.
Há outras flores no Inverno, mas as mimosas são a minha paixão. Surgem para nos restituir a esperança, para nos lembrar que o Inverno não dura para sempre. Quando chove, dão cor à paisagem cinzenta. Quando o sol brilha, resplandecem de luz.
Em breve murcharão, como todas as flores, efémeras e frágeis. Mas nessa altura já a Primavera estará a enviar os seus mensageiros, o sangue e a seiva correrão mais rápido.
As mimosas terão cumprido a sua missão de florir, ao mesmo tempo dando-nos alento para resistir mais um pouco.
E quando por fim o seu amarelo puro se tornar baço, pálido e cansado, sei que para o ano as flores brilharão de novo, alegrando as minhas viagens e pensamentos.

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